A cevada (Hordeum vulgare) é uma gramínea , tendo uma área plantada, segundo a EMBRAPA (2010), de aproximadamente de 46.868 ha (Brasil), sendo a quinta maior colheita de uma das principais fontes de alimento para pessoas e animais. A produção é concentrada na Região Sul do país, por ser uma cultura de inverno (cereal de inverno).
No Brasil tem como principal destino a transformação em malte, mas para servir à indústria os grãos devem apresentar algumas características que estão relacionadas diretamente à colheita, como umidade, poder germinativo e classificação comercial. Para evitar perdas a colheita deve acontecer em dias secos, evitando as primeiras horas da manhã. A umidade dos grãos deve preferencialmente ficar abaixo de 15%. A máquina colhedora deve estar bem regulada para que não se percam grãos retidos na espiga, quebra de grãos ou descascamento. O ciclo mais curto da cevada permite a colheita antes dos demais cereais de inverno, otimizando máquinas e mão-de-obra e permitindo a semeadura da safra de verão também mais cedo. O “afofamento do solo” pela cevada é outro atributo com reflexo no desempenho da cultura de verão.
Se hoje a cevada é conhecida pela maioria apenas como ingrediente principal da fabricação de cerveja, para os povos antigos ela tinha grande importância. Sua história está intimamente relacionada com a origem da agricultura. Registros de arqueólogos que estudam a Idade da Pedra afirmam que os homens das cavernas comiam grãos de cevada selvagem que ficavam caídos pelo chão. A cevada selvagem ocorria principalmente na região que hoje engloba a Síria, Palestina e Ásia Menor. Monumentos e inscrições encontrados em sítios arqueológicos no Egito, e que datam de 5.000 A.C., retratam a cevada como um alimento de grande importância. Os Sumérios, que viveram em 3.500 A.C., usavam grãos de cevada como unidade de medida e moeda de troca. Na Babilônia, de 1.750 A.C., o cereal também funcionava como dinheiro. Foram os gregos e romanos que aprenderam a transformar cevada em pão e cerveja. Ela foi levada à Europa e Estados Unidos por peregrinos e comerciantes dos séculos 16 e 17. Não se sabe quando chegou à China e Japão, mas o fato é que nesses países passou a ser ingrediente fundamental da dieta dos monges budistas, que têm o tsampa (espécie de mingau de cevada) como principal fonte de energia. Atualmente, a cevada é o quinto cereal mais produzido no mundo, usada na fabricação de cerveja e ração animal. No Brasil, ela é cultivada principalmente em Estados da região Sul e Sudeste.
Propriedades nutricionais
É um cereal rico em carboidratos, fibras, vitaminas do complexo B e nos minerais selênio e magnésio. Em 100g de grãos de cevada, encontra-se cerca de 73g de carboidratos. 12 g de proteínas, 37,7 mg de selênio e 1,94 mg de magnésio.
Cerveja
Cerveja é uma bebida alcoólica carbonatada, produzida através da fermentação de materiais com amido, principalmente cereais maltados como a cevada e o trigo. Seu preparo inclui água como parte importante do processo e algumas receitas levam ainda lúpulo e fermento, além de outros temperos, como frutas, ervas e outras plantas.
Saúde: De acordo com um estudo realizado no ano 2000 pela Organização Mundial de Saúde, a OMS, o alcoolismo é a terceira maior doença no Brasil, perdendo somente para os males do coração e os tumores. Ainda de acordo com este estudo, 5,6% de todas as mortes de homens ocorridas no planeta e 0,6% de mulheres são atribuídas ao consumo de álcool.
Apesar disso é sabido também que o consumo de álcool (incluindo a cerveja) em doses moderadas é capaz de diminuir severamente o surgimento de doenças cardíacas. Em estudo de 1972, o epidemiologista Carl Seltzer, da Uiniversidade de Harvard, constatou através dos dados do Framingham Heart Study que o uso moderado do álcool pode ser agente profilático contra as doenças cardíacas.
Além deste, diversos outros estudos posteriores também chegaram em conclusões parecidas, de que o consumo de até três doses diárias de bebida alcoólica é capaz de reduzir o risco de cardiopatias em até 40%.
Em 1997 a revista Epidemiology publicou artigo sobre estudo feito por cientistas de Munique na Alemanha, que procuraram avaliar a população do estado da Baviera (maior consumidor de cerveja) em relação às doenças cardíacas e chegou em resultados parecidos.
Também, no dia 20 de maio de 2000, o British Medical Journal publicou artigo sobre pesquisa realizada por centros de estudos ingleses e tchecos que chegaram a conclusão de que o consumo da cerveja, bebida que foi utilizada no estudo, é capaz de diminuir significativamente o aparecimento de doenças do coração.
Este efeito seria resultado da ingestão do etanol e não de nenhuma substância particular de bebida alcoólica específica.
A bebida alcoólica portanto, assim como qualquer outro tipo de alimento, pode ser benéfica ou maléfica ao consumo humano, dependendo da quantidade em que é consumida.
Curiosidade: A cerveja não é a única bebida feita a partir de grãos de cevada. Em alguns lugares do mundo, como no Norte de Portugal e em toda a Itália, o café de cevada é um substituto muito popular do tradicional “espresso”. No Brasil, encontra-se pó de café de cevada em lojas de produtos naturais. O café de cevada é considerado mais saudável do que o tradicional por não conter cafeína e ainda oferecer todas as propriedades nutricionais e medicinais que o cereal contém. Os gladiadores romanos eram prova incontestável de que a cevada é um alimento poderoso e muito saudável. Eles tinham a dieta toda baseada em cevada – em forma de grãos, pão e cerveja – e por isso eram conhecidos como os hordearii ou “homens cevada”.
Ricardo Nakamura
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